Do Metrópoles - Idealmente, a gestação é um período de calma, onde o corpo da mulher se prepara lentamente para dar à luz uma criança. Porém, foi um tempo conturbado para a secretária executiva Talita Marques, de 39 anos. Ela precisou tomar quase 500 injeções para controlar uma grave crise de trombose que teve durante a gravidez de sua filha caçula, Íris, de 3 anos.
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Talita tem uma condição genética que favorece o aparecimento de tromboses, a deficiência do fator V de Leiden. Mesmo convivendo há anos com o diagnóstico e suas consequências, essa foi a crise mais forte que a secretária executiva já teve.
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“Grávida, eu tive uma embolia na artéria femoral e acordei sem conseguir andar de tanta dor. Sei que é a doença porque ela deixa a minha pele avermelhada e quente”, lembra.
Uma vida convivendo com a trombose
Talita foi diagnosticada dez anos antes da gestação, aos 25, quando teve uma embolia pulmonar que também ameaçou sua vida. “Senti fortes pontadas na costela abaixo da axila e fiquei internada até me recuperar”, conta.
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Quem tem a mutação genética de Talita não pode fazer uso de hormônios artificiais, que também aumentam a chance de ter trombose. Quando teve embolia pulmonar, ela já usava anticoncepcionais hormonais desde a adolescência.
Diagnosticada, a secretária executiva deixou de tomar o remédio, mas voltou a ter episódios de trombose. Todos foram controlados com medicações de uso contínuo e nenhum deles se comparou com a gravidade da crise experimentada em sua última gestação.
500 injeções
“Tive uma trombose tão grave que precisei ficar internada por um mês. Depois, segui tomando o anticoagulante injetável da décima semana de gestação até parir. Eram duas aplicações por dia: somando tudo, tomei cerca de 500 injeções durante a gravidez. A injeção é dolorida mas virou algo automático já que eu mesma as aplicava a cada 12h na minha barriga”, explica a secretaria e mãe de três filhos.
A doença de Talita
A deficiência do fator V de Leiden é uma doença hereditária que acomete cerca de 1 a cada um milhão de pessoas. Nos pacientes com a condição, há uma interferência na atuação da proteína C, causando uma predisposição à hipercoagulabilidade e à trombose.
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Essa maior tendência a ter trombose é conhecida como trombofilia e também ocorre em outras doenças genéticas. “A presença de trombofilia hereditária não significa necessariamente que o portador irá desenvolver embolias em algum momento da vida, é só um grande fator de risco”, explica a cirurgiã vascular e angiologista Cristienne Souza, de Brasília.
As crises de trombose relacionadas à mutação de Talita normalmente são de origem venosa, acometendo principalmente vasos profundos de membros inferiores e menos frequentemente o sistema porta (que leva o sangue do trato digestivo para o fígado), veias superficiais e cerebrais. Os pacientes possuem um risco trombótico até sete vezes maior.
“Pacientes com tromboses devem ser tratados com anticoagulantes, que são medicamentos que evitam a formação do trombo. Não é raro necessitar dessa quantidade de injeções quando o quadro ocorre no período gestacional, já que grávidas não podem usar o anticoagulante via oral, só o injetável”, conclui a médica.
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