Brasil
Bibi Perigosa faz cena nua em filme sobre cotidiano de moradores e tentativa de invasão da Rocinha

Publicado em 24/09/2019 21:12 - Atualizado em 24/09/2019 21:12

Fabiana Escobar segura réplica de fuzil ns filmagens Foto: Produção/Divulgação


Do Extra - Fabiana Escobar, de 38 anos, a Bibi Perigosa ( apelido que ganhou quando foi casada com um traficante), trocou a correria diária do salão de beleza da Dionéia, negócio que tocava na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, pela máquina de fabricar sonhos do cinema.

Ela fechou as portas do comércio e alugou o ponto. Bibi tem atuado como atriz/produtora e já está em seu terceiro filme ( outros dois ainda estão em fase de conclusão ). Em " Rocinha. Toda história tem dois lados", ela dá vida a bandida Furacão e chega a aparecer parcialmente nua em uma cena gravada numa cachoeira.

O chaveiro João (à esquerda) Hudson, a diretora Rayssa, Bibi e Jefferson Luís. parte da equipe que trabalha no filme
O chaveiro João (à esquerda) Hudson, a diretora Rayssa, Bibi e Jefferson Luís. parte da equipe que trabalha no filme Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

 

A história que tem previsão ser exibida no segundo semestre em 2020, fala sobre o cotidiano vivido pelos moradores da favela.

E, entre outros assuntos, o longa metragem de uma hora e meia de duração, vai abordar a guerra de bandos rivais na comunidade ,durante uma tentativa de invasão da Rocinha, ocorrida em setembro de 2017.

O filme é quase todo rodado na Rocinha, e mistura ficção com história inspiradas em fatos reais. A personagem vivida por Fabiana, por exemplo, gosta de armas e de quem está prestes a conquistar o poder no tráfico.

Na vida real. ela foi casada por onze anos com o o traficante Saulo de Sá da Silva, o barão do pó da Rocinha, de quem se separou após descobrir uma traição.

Sua história publicada em um livro, chegou a inspirar a criação de um personagem com apelido homônimo, vivido pela atriz Juliana Paes, na Novela " A força do querer, exibida pela TV Globo, mas, segundo Fabiana Escobar, as coincidências envolvendo a Bibi da vida real e a Furacão do cinema param por aí.

— A Furacão é uma mulher bonita, sedutora, ambiciosa e que só quer patrão ( ter relacionamento). A única coincidência é que as duas viveram num mesmo meio (tráfico). A cena mais difícil que fiz até agora foi a que eu tive que ficar nua numa cachoeira. Foi filmada no alto da Boa Vista e mostra uma transa entre minha personagem e um outro traficante. A água estava gelada e eu tive que ficar pelada ali. Eram umas 11 pessoas presentes, sem falar de um ou outro curioso que passava próximo. Foi dificil, mas consegui fazer — disse Bibi.

O filme está orcado em R$ 100 mil e é uma produção independente da diretora Rayssa de Castro e da Produtora Rocywood, com parceria executiva da BS Produções.

Moradores da Rocinha são maioria no elenco e entre os produtores. Trabalham no filme, por exemplo, o chaveiro João Carvalho, o professor de educação física Jefferson Luís e o serralheiro Hudson Carvalho.

O primeiro faz o papel de um bandido conhecido como Coroa. O segundo também aparece no elenco como ator e o terceiro trabalha na produção. Segundo a diretora, o longa conta ainda com apoio do comércio da Rocinha .

— O comércio ajuda com lanches, comida e água. Eles também cedem espaços para filmagens, como bares por exemplo. Os moradores também nos ajudam e cedem até residências para algumas cenas — disse a diretora.

As filmagens tiveram início há quase dois meses. Uma das primeiras cenas gravadas acabou num susto para atores e produtores. Eles filmavam um churrasco de bandidos embalado por som funk, em uma comunidade próxima à Estrada das Canoas, em São Conrado, quando uma mulher que visitava o local os confundiu com bandidos de verdade.

Sem saber que era só uma ficção, ela ligou para o 190 e disse que traficantes estariam invadindo o local. PMs usaram patrulhas e entraram até pela mata para render os atores que seguravam réplicas de fuzis e pistolas.

— Lembro que a gente estava gravando num domingo à tarde. A polícia apareceu e rendeu todo mundo. Fiquei lilás de pavor. Moro em Copacabana e nunca ninguém havia apontado uma arma em minha direção. Felizmente não atiraram — disse a diretora.

O susto, no entanto, não foi o único. Duas semanas depois, durante a gravação do sequestro de uma delegada, na orla de São Conrado, a PM voltou a render os atores.

— A gente estava gravando por volta da meia-noite. Um morador que tem um táxi dirigia o carro de onde os sequestradores saíam para agarrar a delegada pelos cabelos . Dois turistas viram aquilo e chamaram a polícia sem saber que era só um filme. Uma patrulha abordou o carro e tivemos explicar o que estava acontecendo. Depois disso, a gente passou a avisar á polícia e às associações de moradores antes de fazer as gravações das cenas — disse Rayssa de Castro, admitindo ter esquecido de avisar a polícia sobre as cena iniciais,

Entre as cenas que ainda serão gravadas está a da tentativa de invasão da Rocinha. De acordo com a diretora, isso só deverá acontecer na fase final da filmagem.

— Sobre a invasão, só fizemos cenas preliminares da chegada de um bando pela mata. Mas, sem mostrar conflito. Vamos fazer o restante da invasão mais para o final — concluiu.


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