A Polícia Civil afirmou, nesta sexta-feira (4/11), que o piloto da aeronave não seguiu o padrão de pouso do aeródromo. Segundo depoimentos colhidos pela instituição, ele “se afastou muito” do local recomendado. A revelação acontece um ano após o acidente aéreo que tirou a vida da cantora Marília Mendonça e outras quatro em Caratinga, Minas Gerais.
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“O que a gente tem até agora na investigação, o que a gente sabe mediante depoimentos feitos é que o piloto não fez a manobra que se esperava, ele saiu da zona de proteção do aeródromo para fazer esse pouso. Então, é um fator que pode ter contribuído para que o acidente ocorresse”, afirmou o delegado regional de Caratinga, Ivan Lopes Sales, responsável pela investigação.
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A zona de proteção é a área de entorno sujeita a restrições para que aeródromos possam operar com segurança. De acordo com o delegado, apenas os obstáculos inseridos dentro da zona de proteção são notificados no Notam (Notificação Aeronáutica), documento de referência para pilotos.
“Não há uma obrigatoriedade de pousar nessa forma padrão, mas, quando ele sai dessa zona de proteção do aeródromo, é por conta e risco dele. Ele se afastou muito, veio muito baixo e se chocou na rede de transmissão”, disse o delegado.
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Para chegar a essa conclusão, a Polícia Civil se baseou nas oitivas de dois pilotos: um deles, que iria pousar em Caratinga no mesmo dia, ouviu o piloto da aeronave de Marília Mendonça antes do acidente, e o outro estava no aeródromo.
“São depoimentos muito importantes para a polícia, desses dois pilotos, porque a gente sabe que até um minuto e meio (antes do pouso) não havia qualquer tipo de problema com a aeronave, não reportou nenhum tipo de problema, e que o piloto acabou saindo do padrão de pouso em Caratinga”, disse o delegado.
As investigações apontam que a aeronave estava voando baixo e bateu em uma linha de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Com a tensão, o cabo de aço se enrolou no motor esquerdo da aeronave e fez com que ele se desprendesse no ar.
Segundo o delegado responsável pelas investigações, não havia obrigatoriedade de sinalização da rede da Cemig, porque as torres ficam fora fora da zona de proteção do aeródromo, a 4.600 metros da cabeceira da pista. Além disso, as condições meteorológicas eram “favoráveis” no dia do acidente.
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"A gente consegue descartar qualquer tipo de problema que impediu que o piloto tivesse obstruído sua visão e, por conta disso, não tivesse visto a rede de transmissão. As condições eram favoráveis ao voo visual”, afirmou o policial.
Ainda segundo o delegado, é comum que pilotos que vão pousar em aeródromos que não têm torre de controle para orientá-los em relação à aproximação, como o de Caratinga, façam contato com pilotos que costumam pousar no local. No entanto, esse contato não foi feito pelo piloto Geraldo Medeiros, da aeronave de Marília Mendonça.
Contudo, a conclusão das investigações ainda depende da finalização de laudos por parte do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que vão indicar se houve ou não falha mecânica na aeronave.
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Um ano após morte de Marília Mendonça, investigação da FAB sobre queda de avião não foi concluída. “A gente aguarda hoje a elaboração dos laudos por parte do Cenipa para que, se descartar de fato qualquer falha nos motores que fizesse com que a aeronave voasse tão baixo, a gente consegue caminhar para a conclusão de uma falha humana. Mas eu repito, trata-se de um acidente”, falou o policial.