Nordeste
Entenda o tumor raro que fez jovem cearense sofrer mudança na cor de pele

Publicado em 02/11/2024 17:41

Foto/Reproducao


do g1 - A jovem cearense Sabrina Gomes, de 24 anos, foi diagnosticada com Síndrome de Cushing e com um timoma, um tumor no tórax. Ambos os problemas causam dificuldades respiratórias, insuficiência renal, pressão alta, distúrbios metabólicos e podem até mesmo a mudar a tonalidade da sua pele.

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O tumor produz um hormônio chamado ACTH, que a fez desenvolver a Síndrome de Cushing devido ao excesso de cortisol. Esse hormônio é responsável, entre outras coisas, por regular os níveis de açúcar no sangue e fortalecer o sistema imunológico.

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Em condições normais, o ACTH é produzido na hipófise e é importante na regulação de diversas funções do organismo. Sabrina, no entanto, convive com um excesso de ACTH.

A síndrome causa, entre outros problemas, hipertensão arterial, acúmulo de gordura, fadiga, dificuldade de cicatrização, entre outros sintomas. Desde então, Sabrina vem sendo submetida a diversos tratamentos em busca de uma cura.

O g1 conversou com Ana Rosa Quidute, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e médica no HUWC, que tem acompanhado o caso de Sabrina (entenda mais detalhes abaixo).

ACTH é um caso raro

A médica destacou que o atendimento da jovem é feito por uma equipe multidisciplinar, que envolve oncologista, cirurgião, entre outros profissionais. Ana Rosa é endocrinologista, e acompanha a questão hormonal da paciente. 

Ela explicou que o tumor da jovem, permanentemente produzindo ACTH, é um caso raro. "Não é todo tumor que produz hormônio. O mais comum é não produzir, por isso que são entidades raras", destaca.

Ela contou que, quando Sabrina começou a ser atendida no Hospital Universitário, o mais urgente foi estabilizar os níveis hormonais do organismo dela, que tinha desenvolvido a Síndrome de Cushing. 

"Então, apesar dessa paciente ter um tumor, a gente tem que tratar rapidamente esse excesso hormonal, porque se você não trata o excesso hormonal, ele [paciente] morre primeiro do excesso hormonal que até do próprio tumor", explicou. 

As glândulas adrenais de Sabrina, estimuladas pelo ATCH em excesso, hiperestimulavam a produção de cortisol. Primeiro, a equipe tentou controlar a situação hormonal por meio da medicação. No entanto, com a piora do quadro, foi feita uma adrenalictomia, cirurgia para retirada das glândulas adrenais.

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Mudança na pele 

Sabrina Gomes tem doença rara que, entre outros sintomas, alterou a tonalidade de sua pele — Foto: Reprodução

Sabrina Gomes tem doença rara que, entre outros sintomas, alterou a tonalidade de sua pele — Foto: Reprodução

A retirada das glândulas, em 2022, resolveu os excessos de cortisol causado pela Síndrome de Cushing, mas o tumor continua a crescer e tem atualmente 17 centímetros.

A cirurgia, no entanto, gerou um efeito colateral - a mudança na cor da pele de Sabrina; entenda como aconteceu:

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 Após a retirada das glândulas adrenais, o tumor continuou a estimular a produção do hormônio ACTH

 O ACTH tem a mesma origem e é produzido no mesmo processo que cria o hormônio MSH, que é responsável pela produção de melanina, uma proteína que dá cor à pele

 Como o MSH e ACTH têm uma origem comum, os receptores das células acabam entendendo os dois como semelhantes

 Com os níveis de ACTH altos por conta do tumor, o hormônio continuou a se acoplar com as células receptoras que produzem melanina, como se fosse MSH; já que os dois hormônios são "parecidos", as células acopladas ao ACTH, pensando se tratar do MSH, aumentaram a produção de melanina

O corpo de Sabrina, com excesso de ACTH, começou a produzir melanina em excesso, levando à hiperpigmentação da pele, causando o escurecimento de áreas do corpo.




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