Do G1 - Língua avermelhada, com aspecto de “framboesa”, e manchas rosadas e ásperas na pele: esses são os dois principais sintomas da escarlatina, infecção bacteriana que acomete principalmente as crianças menores de 10 anos.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência da doença começou a aumentar em 2022, em países como França, Irlanda, Suécia e Reino Unido, e permanece em alta. No Brasil, os números se elevaram em 2023: o estado de São Paulo, por exemplo, já registrou 31 surtos entre janeiro e outubro, ante apenas 4 no ano anterior, informou a Secretaria de Estado da Saúde, em balanço divulgado na quinta-feira (23).
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Por quê? Victor Horácio, infectologista e vice-diretor de Assistência e Ensino do Hospital Pequeno Príncipe (PR), afirma que o aumento de casos na Europa e na América Latina é característico do período pós-pandemia.
“Depois de tanto tempo de isolamento, nós ficamos mais suscetíveis à Streptococus Grupo A, que é a causadora da escarlatina. A bactéria não mudou o perfil genético de agressividade nem está mais resistente aos antibióticos. Nós que deixamos de desenvolver anticorpos naquele período [da Covid-19]”, explica o especialista.
Mas, calma, segundo os infectologistas ouvidos pelo g1, não há motivos para desespero: o tratamento com antibiótico costuma ser eficaz e, em 24 horas, já praticamente zera o risco de transmissão da bactéria para outra pessoa. A preocupação maior é com as doenças invasivas causadas por essa mesma bactéria, como pneumonia e meningite.
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Veja, abaixo, quais os sintomas da escarlatina, como tratá-la e que cuidados tomar para evitar a contaminação:
Por que os casos costumam atingir as crianças?
Segundo Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e infectologista da Dasa, as crianças ainda estão desenvolvendo o sistema imunológico e, por isso, ficam mais vulneráveis a infecções virais. Você deve estar pensando: ué, mas a escarlatina não é causada por bactéria?
Sim, mas uma situação leva à outra. “Um quadro viral aumenta a chance de uma infecção bacteriana secundária da Streptococus do grupo A”, afirma o especialista. Com o passar do tempo, o organismo vai entrando em contato com esses micro-organismos e ficando mais resistente a eles.
Quais são os sintomas da escarlatina? E como é feito o diagnóstico?
Como dito no início da reportagem, há dois sinais clássicos:
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- alterações na pele, com aparecimento de manchas de tom rosado e textura de lixa;
- língua com aspecto de framboesa: cor avermelhada e viva, e papilas ampliadas.
“O pediatra reconhece muito facilmente esses sintomas, por isso, o diagnóstico é clínico e não exige exames”, afirma Chebabo.
Além das manchas e da língua “framboesa”, o quadro pode incluir eventualmente febre alta e dor de garganta.
Em geral, o ciclo da doença dura até 7 dias e, com tratamento adequado (veja mais abaixo), não costuma evoluir para quadros preocupantes. O mais importante é procurar o pediatra assim que os primeiros sintomas aparecerem.
No caso da criança de São João Del Rei (MG) que tinha escarlatina e morreu em 23 de outubro, a causa do óbito não foi a doença, informa a secretaria de saúde.
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Outras duas mortes ainda estão sendo analisadas em Minas Gerais, mas o órgão afirma que “a investigação epidemiológica realizada sugere que os pacientes faleceram devido a uma infecção disseminada (sepsemia)”.
Até a última atualização desta reportagem, os exames ainda não haviam apontado quais os micro-organismos responsáveis pelos óbitos.
Qual é o tratamento?
A escarlatina deve ser tratada com antibiótico receitado pelo médico (em geral, por 10 dias).
Após 24 horas da primeira dose, o paciente não transmitirá mais a doença.
Em dois ou três dias, já haverá melhora dos sintomas.
Como a doença é transmitida? É possível evitá-la?
A escarlatina é uma doença altamente contagiosa e transmitida por gotículas (de tosse e espirro, por exemplo, expelidas na fala e no beijo ou deixadas em objetos compartilhados).
Para evitar a doença, é preciso:
não dividir talheres, copos e brinquedos;
não entrar em contato com indivíduos contaminados;
não permitir que crianças com escarlatina vão à escola pelo menos nas primeiras 24 horas do tratamento (depois desse período, o antibiótico já garante que não haverá transmissão).